A palavra bruxaria, segundo o uso corrente da língua portuguesa, designa a execução de rituais de cunho sobrenatural com a intenção de obter benefícios pessoais, sendo também utilizada como sinônimo de cura espiritual, prática oracular e feitiçaria. Tal definição, entretanto, além de não retratar com fidedignidade mínima a bruxaria de fato (não fictícia), torna indistintas as práticas dos verdadeiros bruxos de muitas das práticas da maioria das outras expressões de religiosidade. Note-se, por exemplo, que uma prece autenticamente cristã é um ritual de cunho sobrenatural (não científico) com a intenção de obter benefícios pessoais; a cura espiritual também se encontra em diversas formas de religiosidade, desde a bênção cristã até o passe espírita. Da mesma forma, as práticas oraculares se encontram presentes até mesmo em religiões que as criticam duramente, como podemos constatar pela presença do capítulo do apocalipse na bíblia cristã. Portanto, para compreender o que é a bruxaria de fato, é necessário observar as crenças e atividades dos bruxos contemporâneos e suas referências principais.
Conforme depreendemos da leitura do fundador da wicca tradicional (bruxaria moderna), Gerald Gardner , em consonância com fontes das mais diversas vertentes da bruxaria moderna e tradiciona , a bruxaria é o culto à Deusa e/ou ao Deus em sistemas que variam de uma deidade única hermafrodita ou feminina à pluralidade de panteões antigos, mais notadamente os panteões celta, egípcio, assírio, greco-romano e normando (viking). Grande parte dos grupos bruxos considera, inclusive, que diversas deusas antigas são diferentes faces de uma única Deusa, mas mesmo estes grupos as apresentam de forma separada em suas ritualizações.
Acima até da conceituação das deidades, a reintegração do homem à natureza é parte fundamental das crenças vinculadas à bruxaria, o que se evidencia na celebração do fluir das estações do ano em até oito festivais chamados sabates, sendo dois nos equinócios, dois nos solstícios e quatro em datas fixas. Ao fluxo de um curso completo de tais eventos chama-se comumente de Roda do Ano.
Paralelamente aos sabates, a bruxaria conta com os esbates, que celebram as fases da Lua. Aqui, todavia, há grandes diferenças entre vertentes da bruxaria, com alguns grupos comemorando quatro fases da Lua e outros comemorando apenas o plenilúnio.
Tipos de Bruxaria
A confusão entre bruxaria e magia levou aos magos e aos leigos a classificarem equivocadamente os bruxos como brancos e negros, supondo que os que buscassem/praticassem o bem seriam bruxos brancos, e os que buscassem/praticassem o mal seriam bruxos negros. Os bruxos, na verdade, não se pautam pelo modelo de bem e mal, considerando toda e qualquer magia como cinza (mistura da luz com a escuridão). A grande divisão que se pode fazer em grandes grupos na bruxaria é entre a tradicional e a moderna.
Bruxaria Moderna
Bruxaria moderna é considerada pela maioria das tradições bruxas como a que surgiu com Gerald B. Gardner, sendo sinônimo de wicca, muito embora Raven Grimassi, referência mais conhecida da stregheria (bruxaria italiana), considere Charles Leland o pai da bruxaria moderna. Ainda que iniciado por bruxas tradicionais, Gardner reuniu aos conhecimentos que elas lhe teriam passado práticas ritualísticas e simbologia da Alta Magia, bem como o princípio ético formulado por Crowley ligeiramente modificado (faça o que quiser desde que a ninguém prejudique), criando assim as bases de uma nova crença.
Bruxaria Tradicional
Bruxaria Tradicional é aquela anterior à wicca e/ou o reconstrucionismo religioso de práticas pagãs ligadas a uma tradição específica. Bruxaria Tradicional é um termo cunhado por Roy Bowers (Robert Cochrane) para diferenciar as práticas de Bruxaria pré-Gardnerianas da Wicca criada por Gardner. Ao contrário do que se possa supor, os grupos de bruxaria tradicional não reconstrucionistas, vieram ao longo do tempo absorvendo conhecimentos e conceitos de diversas expressões de religiosidade e, como não se submeteram à separação entre ciência e religião, também vieram modificando sua compreensão cosmológica e suas práticas com o avanço científico.
Tradições Bruxas
Tradições bruxas são conjuntos de crenças e práticas bruxas específicas independentes, estabelecidas a partir da influência de culturas locais ou pela criação de novas linhas iniciáticas, geralmente a partir de um iniciado do mais alto grau em outra tradição. Como a bruxaria não é uma religião fundada em estrutura dogmática rígida, com o uso de tecnologias de informação modernas os grupos de bruxos (covens ou coventículos) puderam se expandir para além de fronteiras geográficas locais, o que levou a uma considerável multiplicação de tradições bruxas entre fins do século XX e início do século XXI.
Bruxaria Ancestral
Ver artigo principal: Bruxaria Ancestral
Tradição bruxa que venera deuses anteriores ao período histórico, tendo entre suas crenças principais a de que o ser humano não é superior aos demais animais e que tudo no universo segue o mesmo fluxo, por eles chamado de "Dança da Deusa". Seu fundador foi iniciado e membro do Conselho de Anciãos da Tradição Ibérica, entretanto as experiências místicas pelas quais passou desde o início o levaram a desenvolver ainda dentro da Tradição Ibérica uma veneração à parte, voltada a deidades mais antigas que as lusitanas, veneradas em seu coventículo de origem. Acumulando-se divergências ideológicas e filosóficas, o cisma que deu origem à nova tradição foi natural e inevitável, com a criação da Ordem Sagrada de Bennu, sediada no Brasil.
Stregheria
Tradição bruxa natural da região onde hoje se encontra a Itália, tendo suas raízes nos cultos neolíticos à Grande Deusa naturais da região do Mediterrâneo e do Egeu e construída sobre mitos de diversos povos, dentre eles os micênicos e etruscos. A veneração da stregheria é centrada na Deusa Diana Nemorensis e, segundo sua tradição, a linhagem formal das stregha teve início com uma sacerdotisa da Deusa Diana chamada Arádia.
Tradição Alexandrina
Ver artigo principal: Tradição Alexandrina
Contemporâneo de Gerald Gardner, Alex Sanders fundou a Tradição Alexandrina, bastante semelhante à Gardneriana, porém pertencente a outra linha iniciática e mais liberal quanto à exigência de nudez ritual.
Tradição Diânica
Ver artigo principal: Tradição Diânica
Caracterizada pela supremacia do culto à Deusa, em relação ao culto ao Deus, a Tradição Diânica é considerada a linha feminista da bruxaria, sendo que alguns de seus grupos só admitem membros do sexo feminino.
Tradição Ibérica
Tradição bruxa que cultua antigos deuses da Península Ibérica, em especial da Lusitânia. A origem de tal linhagem se perde no tempo. Apesar de os registros mais antigos de linha inciática da Tradição Ibérica datarem de fins do século XVIII, cogita-se que por motivos de perseguição religiosa não eram tomados registros antes do início do século XX, sendo provável que tal tradição tenha sido fundada pelas bruxas de aldeia da região onde hoje é Portugal com base em práticas e conhecimentos da cultura celtíbera, anteriores à conquista romana.
Wicca Tradicional ou Tradição Gardneriana
Mãe de diversas tradições bruxas modernas, a Wicca tradicional foi fundada por Gerald Gardner em meados do século XX, a partir do sincretismo entre a bruxaria tradicional inglêsa e a alta magia ensinada na Golden Dawn. Diversos iniciados por Gardner deram origem a outras tradições, ainda assim consideradas wiccanas, motivo pelo qual passou a se chamar a bruxaria ensinada por Gardner de wicca tradicional.
Bruxas de Salém
Bruxas de Salém refere-se ao episódio gerado pela superstição e pela credulidade que levaram, na América do Norte, aos últimos julgamentos por bruxaria na pequena povoação de Salém, Massachusetts, numa noite de outubro de 1692.1
O medo da bruxaria começou quando uma escrava negra chamada Tituba contou algumas histórias vudus (religião tradicional da África Ocidental) a amigas, que, por esse fato, tiveram pesadelos. Um médico que foi chamado para examina-las declarou que as moças deveriam estar "embruxadas".
Os julgamentos de Tituba e de outras foram realizados perante o juiz Samuel Sewall. Cotton Mather, um pregador colonial que acreditava em bruxaria, encarregou-se das acusações. O medo da bruxaria durou cerca de um ano, durante o qual vinte pessoas, na sua maior parte mulheres, foram declaradas culpadas de realizar bruxaria e executadas. Um dos homens, Giles Corey, morreu de acordo com o bárbaro costume medieval de ser comprimido por rochas em uma tábua sobre seu corpo até morrer, levando ao total 3 dias. Foram presas cerca de cento e cinquenta pessoas. Mais tarde, o juiz Sewall confessou que as suas sentenças haviam sido um erro.
As principais testemunhas da acusação foram Elizabeth "Betty" Parris, Maria Jordão e Abigail Williams
Caça às Bruxas
A caça às bruxas foi uma perseguição política e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu nos séculos XVI e XVII principalmente em Portugal, na Espanha, França, Inglaterra (chamada de Normandia), na Alemanha, e na Suíça em menor escala. As antigas seitas pagãs e matriarcais , de fundo e objetivo Político, eram tidas como satânicas, de domínio popular com objeto diferente do religioso, sendo organizações diferentes do que costumam pregar a Bíblia, Alcorão e outros livros santos, tendo uma conotação de domínio político de Poder. O mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleus Maleficarum ("Martelo das Feiticeiras"), de 1486.
No século XX a expressão "caça-às-bruxas" ganhou conotação bem ampla, sua verdadeira conotação se auto-revelou se referindo a qualquer movimento político ou popular de perseguição política - arbitrária, com o objetivo de Poder, muitas vezes calcadas no medo e no preconceito submetiam a maioria, no que hoje poderíamos chamar de Terrorismo, como ocorreu, por exemplo, durante a guerra fria, em que os EUA perseguiam toda e qualquer pessoa que julgassem ser comunista, seja por causa fundamentada e comprovada e/ou não, por medo do Terrorismo. Dessa forma, teve lugar a caça às bruxas comunista dos EUA, como também ao sul do Brasil aos chamados Nazi-comunista por Getúlio Vargas, antes da Segunda Guerra Mundial, de 1922 a 1942 quando entrou na Guerra efetivamente ao lado dos aliados, em que esses elementos sabotavam as organizações militares e governamentais de forma geral, principalmente aos Bancos, para angariarem fundos, se infiltrando nelas.
Aspectos importantes da caça-às-bruxas (quadro sintético)
O número total de vítimas comprovadas se considerarmos o conceito de Terrorismo, é algo superior e entre 50 mil e 100 mil (O número total de julgamentos oficiais de bruxas na Europa que acabaram em execuções foi de cerca de 12 mil).1 No passado chegou-se a dizer que teriam sido 9 milhões e até hoje alguns propagam esse número.
Embora tenha começado no fim da Idade Média, a caça às bruxas europeia foi um fenômeno da Idade Moderna, período em que a taxa de mortalidade foi bem maior.
Embora supostas bruxas tenham sido queimadas ou enforcadas num intervalo de quatro séculos — do século XV ao século XVIII — a maioria foi julgada e morta entre 1550 e 1650, nos 100 anos mais histéricos do movimento.
O número de julgamentos e execuções tinha fortes variações no tempo e no espaço. Seria fácil encontrar localidades que, em determinado período, estavam sendo verdadeiros matadouros logo ao lado de regiões praticamente sem julgamentos por bruxaria.
A maior parte das mortes na Europa ocidental ocorreram nos períodos e também nos locais onde havia intenso conflito entre o Catolicismo e o Protestantismo, com consequente desordem social.
Ocorriam mais mortes em regiões de fronteira ou locais onde estivesse enfraquecido um poder central, com a ausência da Igreja ou do Estado. Fatores regionais tiveram papel decisivo nos modos e na intensidade dos julgamentos.
A maioria das vítimas confirmadas foi julgada e executada por cortes seculares, sendo as cortes seculares locais de longe as mais cruéis. As vítimas de cortes religiosas geralmente recebiam melhor tratamento, tinham mais chances de serem inocentadas e recebiam punições muito leves.
Muitos países da Europa quase não participaram da caça às bruxas, e 3/4 do território europeu não viu um julgamento sequer. A Islândia executou apenas quatro "bruxas"; a Rússia, apenas dez. A histeria foi mais forte na Suíça calvinista, Alemanha e França.
Numa média, 25% das vítimas foram homens, assim sendo 75% mulheres, mas a proporção entre homens e mulheres condenados podia variar consideravelmente de um local para o outro. Mulheres estiveram mais presentes que os homens também enquanto denunciantes e não apenas como vítimas.
Heinrich Kraemer da Ordem dos Pregadores (Dominicanos) publicou o livro ''Malleus Maleficarum'' (Martelo das Feiticeiras), que foi condenado e proibido pela igreja, mas mesmo assim amplamente usado por perseguidores fanáticos e muitas vezes perversos para torturar e condenar supostas bruxas.
Benedict Caprzov, jurista luterano fervoroso e um dos pais do direito penal moderno, desenvolveu também teorias a respeito do tratamento penal de bruxas. A propaganda nacional-socialista fazia-o responsável por inúmeras mortes, mas segundo pesquisas modernas não tem provas para a participação direta dele em processos que terminaram com a morte por bruxaria. As fontes bíblicas citadas nos livros dele são Lv 19,31; 20,6.27; Dt 12,1-5 e de preferência o Êxodo (22,18); “Não deixarás viver a feiticeira”.
Até onde se sabe, algumas vítimas adoravam entidades pagãs e, por isso, poderiam ser vistas como indiretamente ligadas aos "neopagãos" atuais, mas oficialmente consta nos autos que esses casos eram uma minoria. Também é verdade que algumas das vítimas eram parteiras ou curandeiras, mas eram uma minoria. A maioria se dizia cristã ou judia, uma vez que a população pagã era bem rara na Europa da Idade Média.
Cronologia
Os períodos de fome e peste do século XIV disseminaram a ideia de que pessoas conspiravam contra os reinos cristãos.
No passado os historiadores consideraram a caça às bruxas européia como um ataque de histeria supersticiosa que teria sido supostamente forjada e espelhada pela Igreja Católica. Seguindo essa lógica, era "natural" supor que a perseguição teria sido pior quando o poder da igreja era maior, ou seja: antes de a Reforma Protestante dividir a cristandade ocidental em segmentos conflitantes. Nessa visão, embora houvessem ocorrido também julgamentos no começo do período moderno, eles teriam sido poucos se comparados aos supostos horrores medievais. As pesquisas recentes derrubaram essa teoria de forma bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o apogeu da histeria contra as bruxas ocorreu entre 1550 e 1650, pouco depois do nascimento da Reforma Protestante e em parte já no início da celebrada "Idade da Razão" (séculos XVII e XVIII) .
Virtualmente todas as sociedades anteriores ao período moderno acreditavam em magia e formularam leis proibindo que crimes fossem cometidos através de meios mágicos. O período medieval não foi exceção, mas inicialmente não havia ninguém caçando bruxas de forma ativa e esse contexto relativamente benigno permaneceu sem grandes alterações por séculos.
As posturas tradicionais começaram a mudar perto do fim da Idade Média. No início do século XIV, na parte central da Europa, começaram a surgir rumores e pânico acerca de conspirações malignas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através de magia e envenenamento; falava-se de conspirações por parte dos muçulmanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas. Os judeus que por toda Idade Média tiveram liberdade de religião começaram a ser vistos com desconfiança pela população. Depois da enorme devastação decorrente da peste negra (que vitimou 1/3 da população européia em meados do século XIV) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em bruxas e "propagadores de praga". Depois da Peste também se espalhou aquela ideia de que o banho frenquente desprotegia a pele e trazia doenças para o corpo através da água, que era supostamente contaminada por conspiradores.
Casos de processo por bruxaria foram aumentando lentamente, mas de forma constante, até que os primeiros julgamentos em massa apareceram na segunda metade do século XV. Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma Protestante o número de julgamentos chegou a diminuir por alguns anos. Entretanto, em 1550 com o fortalecimento dos estados protestantes a perseguição cresce novamente, atingindo níveis alarmantes especialmente em terras alemãs e suíças. Esse é o período mais histérico e sanguinário da perseguição, que vai de 1550 a 1650. Depois desse período os julgamentos diminuíram fortemente e desapareceram completamente em torno de 1700.
Caça às bruxas na Europa ocidental
Na Idade Média
Virtualmente todas as sociedades anteriores ao período moderno reconheciam o poder das bruxas e, em função disso, formularam leis proibindo que crimes fossem cometidos através de meios mágicos. O período medieval não foi exceção, e podemos encontrar as caças às bruxas desde o auge da civilização babilônica. Esta suspeita costumava recair sobre as mulheres estrangeiras e suas estranhas práticas.
As posturas tradicionais começaram a mudar perto do fim da Idade Média. Pouco depois de 1300, na Europa Central, começaram a surgir rumores e pânico acerca de conspirações malignas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através de magia e envenenamento. Falava-se de conspirações por parte dos muçulmanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas. Depois da enorme devastação decorrente da peste negra (que vitimou 1/3 da população européia entre 1347 e 1350) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em supostas bruxas e "propagadores de praga".
Casos de processo por bruxaria foram aumentando lentamente, mas de forma constante, até que os primeiros julgamentos em massa apareceram no Século XV.
Na Idade Moderna
Em 1484 foi lançado o livro ''Malleus Maleficarum'' , pelos inquisidores Heinrich Kraemer e James Sprenger, livro este que inicialmente foi prontamente recusado pelo bispo que o encomendou, tendo seus dois autores sido posteriormente excomungados por continuarem publicando-o. Com 28 edições esse volumoso manual define as práticas consideradas demoníacas. Ele se torna uma espécie de bíblia da caça às bruxas e vai ter grande influência do outro lado do Atlântico séculos depois sobre as comunidades puritanas nos Estados Unidos, tendo sido utilizado no famoso caso das bruxas de Salém.
Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma Protestante o número de julgamentos chega a diminuir por alguns anos. Entretanto, em 1550 a perseguição cresce novamente, dessa vez atingindo níveis alarmantes. Esse é o período mais sanguinário da história, que atingiu tanto terras católicas como protestantes e durou de 1550 a 1650. Depois desse período os julgamentos diminuíram fortemente e desapareceram completamente em torno de 1700.
Novas visões históricas
A partir de 1970 uma mudança considerável ocorreu no estudo da caça às bruxas européia, com a tentativa de "filtrar" e fato político da perseguição a seitas religiosas. Os historiadores passaram a se deter aos registros históricos dos julgamentos, deixando de lado fontes não oficiais sobre o tema. Essa metodologia trouxe mudanças significativas na visão acadêmica sobre o tema, sugerindo-se agora, por exemplo, que o número de vítimas fatais não seria superior a 100 mil pessoas, enquanto antes, considerando-se os relatos não oficiais, as estimativas escalariam a casa de nove milhões. É, todavia, postulado pela própria academia que na época da Inquisição Espanhola a Igreja perdeu o controle sobre o que veio a se tornar uma verdadeira histeria coletiva, com julgamentos e execuções realizadas à sua revelia por comunidades locais.
Em função desta revisão histórica, passaram a ser postuladas as seguintes ideias chave:
A "Caça às Bruxas" na Europa começou no fim da Idade Média e foi uma questão de seitas e conotação de processo religioso - político e social da Idade Moderna. A situação assumiu tamanha dimensão, também devido às populações sofrerem frequentemente de maus anos agrícolas e de epidemias, resultando elevada taxa de mortalidade, e dominadas pela superstição e pelo medo. A maior parte das vítimas foram julgadas e executadas entre 1550 e 1650. A quantidade de julgamentos e a proporção entre homens e mulheres condenados poderá variar consideravelmente de um local para o outro. Por outro lado, 3/4 do continente europeu não presenciou nem um julgamento sequer. A maioria das vítimas foram julgadas e executadas por tribunais seculares, sendo os tribunais locais, foram de longe os mais intolerantes e cruéis. Por outro lado, as pessoas julgadas em tribunais religiosos recebiam um melhor tratamento, tinham mais chances de poderem ser inocentadas ou de receber punições mais brandas, o que se denominava na época de Comissões da Verdade as inquisições, com base nos Cânones.
O número total de vítimas ficou provavelmente por volta dos 50 mil, e destes, cerca de 25% foram homens. Mulheres estiveram mais presentes que os homens, e também enquanto denunciantes, e não apenas como vítimas. A maioria das vítimas eram parteiras ou curandeiros; mas a maioria não era bruxa. A grande maioria das vítimas eram da religião cristã, até porque a população pagã na Europa na época da caça às bruxas, era muito reduzida.
Estudos recentes apontam que muitas das vítimas da "Caça as Bruxas", bem como de muitos "casos de endemoniados", teriam sido vítimas de uma intoxicação. O agente causador era um fungo denominado Claviceps purpurea, um contaminante comum do centeio e outros cereais. Este fungo biossintetiza uma classe de metabólitos secundários conhecidos como alcalóides da cravagem e, dependendo de suas estruturas químicas, afectavam profundamente o sistema nervoso central. Os camponeses que comeram pão de centeio (o pão das classes mais pobres) contaminado com o fungo, eram envenenados e desenvolveram a doença, atualmente denominada de ergotismo.
Em alguns casos, também verificou-se alegações falsas de prática de "bruxaria" e de estar "possuído pelo demônio", com o fim de se apropriar ilicitamente de bens alheios ou como uma forma de vingança.
Assista os vídeos:
fonte:Discipulo Santos
fonte:Bruxas e Druídas
fonte:Bruxas e Druídas